Entenda o amor de laboratório. Faça o teste!

Você já deve ter assistido a algum filme ou lido um livro em que um personagem se utiliza de artimanhas sobrenaturais, como feitiços ou poções mágicas (ou mesmo macumbas, por que não), para fazer com que a pessoa amada se apaixone por ele “à força”. Já pensou se você também tivesse o poder de, magicamente, deixar aquela gata doida com você?

Bem, na vida real, conquistar alguém por meio de ocultismo talvez não seja efetivo (e muito menos uma boa ideia, a não ser que você queira ser preso). Contudo, a ciência, com toda a exatidão e lógica que a perpassam, tem ironicamente mostrado que é possível, sim, deixar alguém apaixonado (e se apaixonar) como em um passe de mágica.

Para isso, bastam 36 perguntas e um “olho no olho” de quatro minutos. Quer entender melhor como isso funciona? Então acompanhe-nos no artigo de hoje!

Amor de laboratório

Tudo começou em 1997, com o psicólogo norte-americano Arthur Aron, chefe do Departamento de Relações Interpessoais da Universidade Stony Brook, em Nova Iorque. Ele liderou um experimento social que demonstrava ser possível fazer com que duas pessoas totalmente estranhas se apaixonassem meramente respondendo a um questionário.

Conforme Aron explica, a experiência era bem simples e precisava de apenas 45 minutos para ser realizada. Um homem e uma mulher (ambos heterossexuais) entravam no laboratório por portas separadas, sentavam de frente um para o outro e respondiam a uma série de perguntas pessoais. Depois disso, eles se encaravam em silêncio por quatro minutos. Fácil, não é? E incrivelmente poderoso: após o experimento, não apenas alguns pares se formaram, como dois dos participantes chegaram a se casar em seis meses! Inclusive, como gratidão por ter sido reunido por meio do estudo, o casal convidou todos do laboratório para a cerimônia.

Com esses resultados, ficou comprovado que o método de Arthur Aron e sua equipe era eficaz em alcançar rapidamente um nível de proximidade e intimidade que normalmente levaria semanas ou meses para ser desenvolvido. O psicólogo alerta apenas para o fato de que outros aspectos fundamentais para um relacionamento, como lealdade, confiança e comprometimento levam mais do que apenas 45 minutos para serem cultivados. Em outras palavras, a paixão é criada e potencializada com o experimento, ao passo que o amor vai além do método e deve ser trabalhado com mais calma.

O questionário

A “mágica” (ou ciência) do questionário está na evolução das perguntas. Elas dividem-se em três partes e estão estrategicamente separadas em grau crescente de intimidade, uma vez que Aron e sua equipe acreditam que a abertura lenta e recíproca entre as pessoas é um padrão-chave para o desenvolvimento de relações íntimas.

As questões do grupo 1 são mais simples e mundanas, como “antes de fazer uma ligação, você ensaia o que vai dizer? Por quê?” e “se você pudesse acordar amanhã e ganhar qualquer qualidade ou habilidade, qual seria ela?”; as do grupo 2 são um pouco mais profundas, como “qual é a maior realização de sua vida?” e “qual o papel que amor e afeto têm em sua vida?”; por fim, as do grupo 3 são aquelas que em uma situação normal exigiriam um grau maior de intimidade com a outra pessoa para serem feitas, como “diga a seu parceiro o que você gosta nele; seja bem honesto dessa vez, dizendo coisas que você não diria a alguém que acabou de conhecer”, “divida um problema pessoal e peça um conselho a seu parceiro de como você deveria agir e “também peça a seu parceiro que lhe conte como você parece estar se sentido sobre o problema que compartilhou”.

Sai a emoção, entra a razão

Apesar de o estudo de Arthur Aron e sua equipe ter sido realizado há quase duas décadas, ele voltou a ganhar grande visibilidade esse ano (o hype na internet foi tão grande que até mesmo um curta-metragem sobre o assunto foi produzido, mostrando vários voluntários fazendo o experimento). Isso porque a norte-americana Mandy Len Catron, escritora e professora da Universidade British Columbia, no Canadá, resolveu testar a eficácia do questionário do amor e compartilhar a experiência no jornal The New York Times.

Len Catron conta que ficou sabendo do experimento já há algum tempo, enquanto passava por um término de relacionamento. Como ela estava cansada de ter suas ações comandadas pelo coração, enquanto o cérebro era solenemente ignorado (e se ferrar constantemente por causa disso), apelou para a ciência e sua razão, a fim de mudar o jogo.

A professora propôs a um homem que eles experimentassem o método. É importante salientar que houve diferenças entre a situação vivida por Len Catron e o experimento original, de Arthur Aron. Para começar, não eram dois estranhos respondendo às perguntas; a americana não apenas já conhecia o rapaz convidado – ele também trabalha na British Columbia –, como se interessava por ele (de boba ela não tinha nada). Além disso, eles não estavam em um laboratório, mas em um bar, ambiente que por si só já favorece a paquera.

Segundo Len Catron afirma, o experimento foi um sucesso. Ela e o rapaz criaram um grau de intimidade e confiança que normalmente levaria muito mais tempo para ser desenvolvido, e ambos se apaixonaram um pelo outro. Ela aponta ainda que a maior virtude do estudo de Arthur Aron é mostrar que o amor é um sentimento mais maleável do que achamos ser e que podemos, sim, escolher amar, e não simplesmente esperá-lo acontecer (romântico, não?).

Sua vez de tentar!

Temos certeza de que você também ficou bem curioso em experimentar o questionário do amor. Por isso, colocamos aqui um link com todas as perguntas do experimento. Agora é só chamar aquela gata que você está de olho (ou mesmo uma estranha passando na rua) para fazê-los juntos e, quem sabe, encontrar o amor (ou algo entre isso). Depois lembre-se de voltar ao blog e nos contar se funcionou para você! Boa sorte!

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